poesia de José Carlos de Aguiar, intitulada Rio Grande do Sul:
Venho do fundo do tempo,
Das formações e redutos
Sou concreto, absoluto,
No campo das formações
Agasalhando gerações,
Do nascimento até a morte,
Sou tenro, sou rijo e forte,
Sou berço das tradições.
Sou o Rio Grande do Sul,
Dos campos, serras e matas.
Sou o choro das cascatas,
De sangas, rios e riachos,
Sou fortaleza dos machos
Que se criam a lo léu,
Sou um pedaço do céu,
Estendido aqui embaixo.
Sou pradarias que marcam,
Distância longa de chão,
Já tive mato e capão,
Cobrindo várzea e coxilhas,
Sou sustento das famílias,
Como o que nasce do ventre,
O chão bendito que sente,
O tropel dos farroupilhas.
Sou a terra dadivosa,
Que tudo que planta dá,
Sou a flor do gravatá,
Que sai da planta espinhosa,
Sou formação religiosa,
Mais antiga que os jesuítas,
Sou a própria história escrita,
Sou terra e mãe carinhosa.
Nasce de mim o sustento,
Para todas as criaturas,
Porque o Senhor das alturas
Pela bondade me faz,
E me doando a vocês,
Sou a terra prometida,
Dou força, coragem e vida,
Fartura honra e altivez.
Sou o Rio Grande que fala,
Na voz de seus trovadores,
Sou léguas de corredores,
Onde cruzam tropeiros,
Pousadas dos carreteiros,
Lascas de canga e canzil,
Sou o garrão do Brasil,
Um estado brasileiro.
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